2006-01-14

Primeiro dia no Japão.

O primeiro dia no Japão não foi tão estranho quanto eu pensei que seria. Isso foi, em grande parte, graças à ajuda dos sempais. Eles estiveram sempre com a gente e ajudaram na "aclimatação", digamos assim. Acordei cedo, mas nem tanto, e bem disposto. Não tive problemas de fuso horário nem no primeiro dia nem depois. Evidentemente o quarto estava uma bagunça só. Gostaria de dizer que depois do primeiro dia o quarto ficou mais bem arrumado, mas não foi bem assim.

Quarto do dormitório Ichinoya na primeira noite no Japão, já com algumas coisas compradas na loja de 100¥.

Depois de me colocar apresentável me encontrei com os outros três monbusheiros para irmos até o International Student Center, receber as primeiras orientações. Também aproveitamos pra tirar a primeira "foto oficial" do grupo de monbusheiros de Abril de 2005.

Monbusheiros de Abril de 2005. Da esq. pra dir.: Aline, Miwa, Jefferson, Ricardo. Eu estava com uns 95Kg nessa época.

Como dá para ver pela foto, eu não estava exatamente na minha melhor forma nessa época. Mas ainda estava melhor do que no ano anterior. Em Outubro de 2004 eu cheguei a pesar 105Kg. Foi quando conecei a dieta. Daquela época para cá já perdi 20Kg. Ainda estão sobrando uns 7 a 8Kg para chegar ao peso que eu tinha na época da graduação. Mas, voltando ao assunto...

Acho que já está na hora de tirar outra foto.

A noite fomos para o tradicional jantar de boas-vindas que o pessoal de Tsukuba sempre oferece aos novos brasileiros que chegam. Foi uma oportunidade muito boa de conhecer os outros bolsistas. Vários bolsistas estavam lá, inclusive o pessoal que não é monbusheiro. Tem gente da JAICA, JSPS, etc. O jantar foi no Takarajima, que também é meio tradicional pra essas comemorações. Foi muito divertido. Tudo bem que eu quase fui agredido fisicamente por causa de uma discussão sobre religião -- mas tudo bem, eu deveria saber (na verdade eu sei, mas nem sempre lembro) que a maioria das pessoas n?o consegue discutir esse assunto de modo imparcial, afastado; sempre há envolvimento emocional. A menina que quase me bateu deve ter quase (<) 1,5m de altura, o que, segundo o pessoal me disse depois, conferiu um certo ar cômico ao episódio.

Foto do pessoal que foi ao jantar de boas vindas. Além dos monbusheiros 2005-04, também estavam dando as boas vindas ao pessoal do programa do banco mundial.

Tive a impressão nesse dia, e ainda tenho de vez em quando, que não estava no Japão. Acho que a maioria das pessoas em Tsukuba se sente assim. Já ouvi isso até de japoneses. Tsukuba tem muitos estrangeiros e é uma cidade projetada, o que faz da arquitetura daqui muito bonita, mas também muito ocidental.

2006-01-12

Nihon he ikimashou!

A partida de Vitória não foi a coisa mais divertida do mundo. As crianças (Anyssa, Tatsu e Samiya) não estavam entendendo direito que eu estava indo para ficar MUITO tempo fora. Acho que foi até melhor, afinal eles não choraram. Teria sido muita barra ver eles chorando do outro lado do vidro da sala de embarque. A Karin, em compensação, sabia que eu estava indo pra ficar for, pelo menos, um ano. E não foi fácil me despedir dela. Nem dei pra tirar fotos.

Peguei o vôo de Vitória direto para São Paulo, e fiquei o dia todo esperando o vôo da Canada Air Lines. Foi um dia que demorou muito pra passar. O tempo não corria, se arrastava. Deu pra trocar dinheiro, almoçar, navegar na internet em um ciber-café, etc. Só na hora do embarque é que me encontrei com os outros bolsista que eu conhecia, o pessoal que veio pelo consulado do Rio de Janeiro.

A viajem foi tranquila, mas por alguma razão não consegui dormir quase nada. Não estava tenso. Bom, pelo menos acho que não. E normalmente durmo bem em viajens (e fora delas também). Fizemos duas escalas no Canadá: Toronto e Vancouver. Em Vancouver, trocamos de companhia aérea. Da Canada Air para a JAL.

Bolsistas que vieram pelo Canadá.

A chegada ao Japão foi tranquila -- ou melhor, foi tranquila pra mim. Vários bolsistas tiveram problemas com a bagagem. Mas, pelo que fiquei sabendo depois, tudo se resolveu. O pessoal da JASSO estave esperando a gente no aeroporto, como dizia o manual. Deram uma grana inicial pra gente ir se virando, como dizia o manual. E despacharam a gente pra universidade, como dizia o manual. Chegando na Universidade de Tsukuba, fui recepcionado por uma funcionária do escritório da JASSO no International Students Center, que não falava nem "How do you do?" em inglês. Isso o manual não dizia. O máximo que consegui entender é que ela iria me levar até o dormitório. (E assim mesno, mais pelo contexto da situação do que por comunicação verbal.)

Quando chegamos ao dormitório Ichinoya, havia um voluntário me esperando para me recepcionar. Consegui entender que o cara era "daigakusei" -- universitário. Fiquei mais tranquilo, achei que iria conseguir falar inglês, ainda que precário. P*##% nenhuma! Ele e a funcionária da JASSO começaram a falar em Japonês como se eu nem estivesse alí. Acho que em certo sentido eu nem estava mesmo. Acho que foi uma das situações de desespero mais intensas que já esperimentei. Deve ter durado uns 3 a 5 minutos, mas pareceu uma eternidade. Depois disso apareceram os alunos brasileiros veteranos e os bolsistas novos que haviam chegado mais cedo (vieram pelos EUA). Até hoje eu tenho que ouvir o quanto a minha cara de desesperado estava engraçada. Bom, fazer o que né?

Os sempais (não são órfãos, é como se chamam os alunos mais antigos aqui no Japão) nos levaram pra jantar, apresentaram o supermercado mais próximo do dormitório e uma loja de 100 Yenes -- é o equivalente do R$ 1,99, só que vitaminado.

Nosso primeiro jantar no Japão. Da esquerda pra direita: Miwa, Aline, Robson, Adriana, Márcia e Ricardo. Eu estou tirando a foto.

Depois do jantar e do reconhecimento do terreno, todos recebemos bicicletas -- de segunda-mão, mas já foi de grande valia -- de presente. A minha era pequena pro meu tamanho e acabei passando-a para outra aluna brasileira e comprando uma bicicleta nova -- que mais tarde foi roubada.

E assim cheguei ao Japão.

Foto do profile.

A única razão desta foto estar aqui é que eu não consegui outra forma de colocar o link pra ela no meu profile. Mas fala sério: 33 anos mas com cara de 32, né?


Foto do profile. Posted by Picasa