2006-05-08

Golden Week

Como vocês devem saber, ou não, no Japão há uma semana no começo de Maio em que há três feriados seguidos. Eles chamam essa semana de "Golden Week", e o pessoal aproveita pra viajar. É uma semana muito esperada por todo mundo. Mais ou menos como o carnaval no Brasil, mas sem a musica e o pessoal dançando. Tanto no ano passado quanto este ano eu optei por não viajar. Apesar de ser uma semana de feriado, eu continuo com as tarefas pra apresentar após a GW, o que torna viajar um peso na consciência. Eu até tinha planejado ir para Akihabara no Sábado ou Domingo, mas acabou não dando. De qualquer modo, não dá pra dizer que não fiz nada na GW. Teve algumas atividades promovidas pela universidade e também teve um passeio que o pessoal que ficou por aqui (tipo eu) organizou.


Grupo de musica tradicional japonesa. O principal instrumento é o shamisen, uma espécie de viola de três cordas.


No Domingo anterior à GW a Raffaele (bolsista de Cultura Japonesa, chegou em Outubro) mandou um e-mail avisando que o clube de taiko do qual ela faz parte iria fazer uma apresentação à 14:20h. Eu cheguei no local quase as 15:00h. Claro que o clube dela já tinha se apresentado, as coisas no Japão costumam acontecer na hora marcada. Mesmo assim, eu assisti os outros clubes que se apresentaram depois do dela: um clube de shamisen, que é um instrumento tradicional japonês e um outro clube que misturava rock, musica clássica e taiko -- na verdade eu acho que não era um clube, mas membros de 3 clubes diferentes que fizeram um show especial. Eu achei que shamisen fosse uma coisa muito sem graça, mas a apresentação foi muito divertida e eu até gostei das musicas. A outra apresentação foi uma coisa realmente eclética. O pessoal do taiko tocando junto com uma bateria ficou algo realmente novo. E olha que até ficou bom.


Peça de teatro amador, dos alunos de artes. Eu quase entendi do que eles estavam falando.

Teatro de sombras. Bem tosco e com desenhos bem malfeitinhos, mas estava muito divertido.


Na Terça-feira fui assistir a apresentação de um grupo de teatro amador no auditório da biblioteca pública de Tsukuba. O grupo era formado por alunos do departamento de artes. Parece que todo ano os alunos organizam uma mostra com várias atividades. A apresentação dos clubes de música também fez parte desta mostra. Foi bem amador mesmo, mas foi muito divertido. Principalmente a parte do teatro de sombras. Houve peças para adultos e para crianças. Aliás isso é muito legal aqui, no final de semana a biblioteca pública abre e sempre tem crianças com os pais vendo livros e/ou fitas na biblioteca. Ela está sempre cheia.


Apresentação de dança Flamenca. Grupo composto por senhoras e meninas.


Na quarta feira teve um evento chamado "Flamenco Festival", com várias turmas de dança Flamenca se apresentando. A Lina (aluna de pós-doc) pratica Flamenco a algum tempo, ao que parece, e enviou um convite para a lista. O evento durou umas 5 horas, mas foi dividido em quatro atos. Nós (brasileiros) aparecemos só no último ato, que era no qual a Lina se apresentou. As danças estavam bem ensaiadas, foi legal ver grupos de senhoras já de idade dançando junto com crianças, mas verdade seja dita: elas não tem a ginga latina. Fica bonito, mas fica meio mecânico.

O resto da GW foi em casa mesmo, sem grandes novidades até sábado quando uns poucos animados resolveram ir à praia. O Maruko (Marcos Neves) tem carro e enviou um e-mail convidando. Apenas mais quatro se interessaram, não sei por que tão pouca gente, afinal, depois do inverno o que eu mais queria era ver um pouco de sol. Fomos para a praia de Otake, a mesma onde acampamos no verão do ano passado. Saimos lá pelas 09:00h, devidamente carregados com lanchinho e bebidas. Eu preparei uns sanduíches, a Adriana também. O Maruko levou refrigerantes e o restante do pessoal levou snacks. O dia estava muito gostoso, mas a água ainda está gelada. Mais perto do verão ela esquenta um pouco, mas sempre continua parecendo as praias do Espírito Santo, com água fria. Segundo os mais entendidos, água quente mesmo só em Okinawa.

Barraca armada (no bom sentido), caixas de isopor e lona no lugar. Tudo pronto para aproveitar o dia na praia.


Eu fazendo pose pra foto, com a onde quebrando ao fundo. Ficou bonito, mas claro que o cenário ajuda.


Não é praia de areias brancas e águas azuis. Mas é praia e foi um dia muito agradável. Como não estava com coragem de entrar naquela água gelada como a Juliana e o Maruko, fiquei andando na praia. Lá pelas 17:00h o sol sumiu e por enquanto a temperatura ainda cai muito quando o sol some. Aí, nós seguimos o exemplo do sol e viemos embora também.

Domingo foi dia de ficar escrevendo redação em japonês. Fica parecendo aquelas redações de criancinha da 2ª série: "Ontem eu fui à praia, foi muito divertido...", mas aos poucos está melhorando.

2006-04-25

Fim de semana

Não é sempre, mas as vezes eu tenho uns ataques de solidão e me sinto meio "blue", meio deprimido. Esse final de semana foi assim. Parecia que nada estava no lugar. Talvez não esteja mesmo, ou talvez, tudo esteja no lugar e eu é que estou no lugar errado. Bom, quando estou nesse estado "blue" eu fico mais filósofo do que de costume. Desta última vez fiquei pensando sobre a futilidade de tentar se preparar para o futuro se nós nunca sabemos como ele será. Quero dizer, como estar preparado para algo que você não sabe o que é? Me lembrei do provérbio inglês: "Hope for the best, but prepare for the worst."

Bom, no meio da tarde resolvi fazer alguma coisa pra não piorar o estado deprê. Me lembrei que neste final de semana ia estrear um filme que eu estava querendo assistir "V for Vendetta", baseado na mini-série de Alan Moore, de quem eu sou fan desde que li Watchmen (nos idos dos anos 80). Mandei um e-mail para a maling-list do celular para ver se alguém mais queria ir ao cinema e... ninguém. Assim, peguei a minha byke la pelas 20:30h e pedalei 50min. sozinho até o cinema. Assisti a seção das 21:40h. Pelo menos não choveu e estava uma noite bastante agradável. O filme foi bastante bom, mas não faz justiça à obra de Moore. A narrativa do filme é muito mais direcionada do que a dos quadrinhos. Na obra de Moore o caráter de "V" é muito mais ambíguo, deixando ao leitor julgar se ele é herói ou vilão, genial ou psicótico. Mesmo assim, o filme ficou até melhor do que eu estava esperando.


As quase duas horas de bicicleta (ida e volta) e as 02:15h de filme me fizeram muito bem. Quando cheguei em casa só queria saber de beber uma cerveja e dormir.

No domingo lavei roupa pela manhã, almocei e fui para a demonstração de Aikido. Parece que é comum os clubes de artes marciais fazerem demonstrações no começo do ano letivo para os novos alunos saberem o que é cada clube. Vai ter uma demonstração de vários clubes hoje (terça-feira, 2006.04.25) e a do clube de Shodokan Aikido (Aikidou de competição, que eu participo) foi no domingo. Não sei porque foi separada da dos outros clubes. O Kyougi Aikidou (nome do clube de Aikido de competição) não tem muitos membros e também não foi muita gente ver a demonstração. Acho que vão entrar uns 5 ou 6 alunos novos. Mas ainda assim é o que tem mais estrangeiros. Sem contar os dois latinos que entraram no fim do ano passado, mas sumiram nas férias, são 5 e talvez entrem mais 1 ou 2. Isso em um clube de 20 pessoas. No outro clube de Aikido (outro estilo) são quase 50 membros e só um estrangeiro.

Bem, a demonstração não foi muito no estilo "show" não. Foi mais o que nós fazemos na aulas mesmo, só que um pouco mais bonitinho. Tem demonstração das técnicas, de esquiva, de shiai, etc. O shiai até que foi bacana, porque foi um shiai pra valer, mas sem compromisso de ter que ganhar, então o pessoal esta se soltando mais, sem medo de tomar um contra-ataque. O que alias aconteceu, mas foi legal porque deu para os alunos novos verem várias técnicas aplicada em uma luta de verdade, o que não é muito comum em uma luta de campeonato porque todo mundo fica "na retranca" com medo de abrir a guarda e tomar um golpe.

Eu demonstrei o "jyu-nana hon", o conjunto de 17 técnicas básicas.

Depois do "enbukai" (demonstração) todo mundo foi para um restaurante. Eu não estava a fim de ir. Primeiro porque não estava no clima para confraternização, segundo porque iria sair meio caro (\2,900) e eu estou com pouca grana nesse final de mês (paguei a mobilia da casa no final do mês passado e a bolsa deste mês não saiu ainda). Mas depois do cara que tava organizando, o capitão do clube e o sensei virem me chamar, achei que ficava meio mal não ir. No final até que foi bom. O jantar saiu caro mas era "tabehoudai" e "nomihoudai", ou seja, comida e bebida à vontade, durante duas horas. Além disso eu sentei perto do Kawamatsu-san (3º dan de outro estilo de Aikido), ele fala um pouco de inglês e quando o Nihongo falha ele tenta explicar em inglês.

Restaurante de "okonomiyaki" que é basicamente "qualquer-coisa-com-farinha-e-ovo-na-chapa". Mas é gostoso.

Claro que todo mundo perguntou porque é que eu sumi no último mês. Expliquei que estava muito ocupado no laboratório. O sensei disse que entende, mas que se eu continuar sumido assim, talvez não consiga fazer o exame para 1º dan ainda este ano, como eu estava planejando. Bom vamos ver...

2006-04-09

Festa no AP

Jantar na Casa do Jefferson


Bom, eu já estou morando na minha casa nova a mais de 2 meses, mas este sábado, 2006.04.08, resolvi fazer um jantar de inauguração. Na verdade não fui bem eu que fiz, foi no estilo motiori, ou seja, cada um trouxe alguma coisa. Mandei convite pra lista dos brazucas de Tsukuba, mas não esperava que viesse muita gente -- achei que o medo das minhas piadas infames seria maior que a vontade de aproveitar a boca-livre. Engano meu! Veio quase todo mundo! Ausências notáveis foram as do pessoal do "Clube da Luluzinha". Mas fazer o que, né?


Foto "oficial" do jantar.

Eu até cozinhei. Inicialmente era pra ser um rocambole de arroz. Infelizmente, parece que o arroz do Japão é mais pesado que o do Brasil, ou os liquidificadores do Japão são mais fracos que os do Brasil. O fato é que eu não consegui bater a massa como era pra ser. Ai eu improvisei a massa e fiz algo tipo uma massa de pizza. Que depois de assada ganhou cobertura ("recheio" ?) de queijo e presunto. Todo mundo jurou que ficou gostoso. Me pediram até a receita.

Hanami


No domingo o pessoal fez um hanami na hora do almoço. O dia estava lindo! um típico dia de primavera mesmo. Novamente foi quase todo mundo. Incluindo agora a Rafaele e o Marcos "Baiano", que estiveram ausentes no jantar, e novamente sem o pessoal do Clube da Luluzinha.

Foto do hanami. Tá faltando gente ai, mas acho que é a foto mais completa.

O hanami foi muito divertido. Teve até um jogo de "Assassino e Detetive", que foi bem divertido e um outro jogo, de cartas, que eu esqueci o nome agora. Foi uma boa forma de encerrar as "férias". (Entre aspas porque eu fiquei estudando o haru-yasumi todo).

Nyugaku-shiki

Muito bem! Desde sexta-feira, 07 de Abril de 2006, eu sou oficialmente aluno de doutorado do departamento de Ciência da Computação da Universidade de Tsukuba. Bonito, né?

Na sexta-feira à tarde tivemos o nyugaku-shiki, que ao pé da letra é algo como "cerimônica dos novos alunos". É um evento importante, ao que parece, pois todos os diretores de centros e departamentos estavam lá, e o reitor da universidade também. Teve orquestra e coral. Eu estava muito feliz de finalmente ser "full-student" como eles dizem por aqui.

Eu, Aline, Miwa e Ricardo. Os quatro do Mombusho que chegaram em Abril de 2005. Um ano de Japão e, finalmente, como alunos oficiais.


O auditório da cerimônia. Coral, orquestra e a "diretoria" da universidade.

Depois da cerimônia houve uma orientação para os novos alunos em seus respectivos centros e/ou departamentos. Evidentemente, como a maioria dos alunos é do Japão mesmo a orientação foi em Japonês e serviu para uma só coisa: me mostrar que eu ainda não falo essa língua. Não entendi quase nada do que foi falado.

Ah, quase ia me esquecendo. Na sexta-feira também acharam mais um brasileiro "perdido" em Tsukuba. O João Felipe. Ele não estava na lista de alunos estrangêiros porque ele não é bem um aluno estrangeiro. Ele mora no Japão desde os 13 anos e fez vestibular normal, junto com os Japas. E passou em Tsukuba! Que é para onde vem os CDF's. O cara não deve ser muito ruim não. Fomos jantar com ele para dar as boas vindas.

Boas vindas do João ao grupo. O João é o cara da foto que não sou eu.

2006-04-03

Despedida do Zauder


Ontem foi a despedida do Zauder. Apesar de ser triste ele estar indo o clima não foi pesado porque ele está indo pra perto. Vai fazer mestrado em Yokohama. Por isso, se bater saudade ele pode chegar aqui em menos de 2 horas. Também dá pra continuar convidando ele pras baladas -- se bem que é mais fácil acontecer o contrário. Já que além de ser um dos mais animados, ele vai estar mais perto das baladas do que a gente que fica aqui na rocinha de Tsukuba.


A foto "oficial" do evento ficou muito parecida com a foto da nossa recepção aqui em Tsukuba, quase um ano atrás. A não ser pelo fato de que tem mais gente que daquela vez e que eu estou muuuito mais magro (menos gordo?) agora.

2006-03-27

Churrasco de despedida do Mauro


Sábado foi o churrasco de despedida do Mauro. Compareceu muita gente e teve gosto de churrasco de verdade. Teve até caipirinha, nas versões tradicional, de cachaça, e sofisticada, de wisky. Foi na sede da JAICA e passamos o dia lá. Eu nunca tinha ido. O lugar é muito bom, tem um amplo espaço aberto com mesas e cadeiras e um ginásio de esportes com uma quadra poliespostiva e também umas mesas de ping-pong (eu joguei e consegui acertar a bolinha -- fiquei "besta" de ver) e também duas mesas de sinuca (que eu também joguei e até consegui encaçapar algumas bolas -- e de propósito!). Foi muito divertido, mas teve "aura" de despedida, então no final bateu um certo desânimo. Mas o saldo foi positivo. Até porque era importante se despedir do Mauro.

2006-03-20

Aikido-no-gasshuku

Gasshuku é algo como "trainning camp". O pessoal vai pra algum lugar longe das preocupações do dia-a-dia (ou pelo menos deveria ser assim -- mais sobre isso depois) e fica o dia inteiro treinando e a noite confraternizando, ou seja, comendo snacks, conversando e enchendo a cara. Brincadeirinha... a gente quase não comeu snacks. ;)

A semana passada teve o haru-gasshuku (gasshuku de primavera) do clube de Aikido. Foi em um balneário na província de Aichi. Fica longe, muito longe de Tsukuba. De trem gasta quase 7 horas pra chegar, e olha que os trens do Japão são bem rapidinhos, mesmo que não seja o shinkansen (trem-bala). Pra ir rolou uma carona, mas acho que demorou até mais, saimos quase de madrugada e só chegamos no lugar as 14:00h. Aí você pensa: "Ok, quase 8 horas de viagem, carro apertado, todo mundo com o corpo moído da viagem. Vamos descansar, né?". O kct que vai descansar. Terminamos de descarregar as bagagens e tivemos 30 minutos pra trocar de roupa, "tirar água do joelho", e aparecer na quadra poli-esportiva que virou dojo, pra começar o treino. Primeiro tivemos que montar o tatame e depois teve um treino de 3 horas; intervalo para o jantar; e o treino da noite de 1 hora.


Tatame montado e prontos para começar o treino.

Deveriam ser 4 dias de treino, de 11 a 14. Sendo que dia 11 não teve treino pela manhã e dia 14 não haveria treinos à tarde e à noite. Desse modo dá para contar 3 dias completos de treino: manhã (3h), tarde (3h) e noite (1,5h). Na noite de domingo, dia 12, eu estava com o corpo tão dolorido que estava até pensando em desistir. Só não desisti por uma razão. Algo que o Ono sensei me disse: "Jeff-san você está se esforçando muito. Pode fazer o treino mais devagar. Nós já somos mais velhos e o alunos [do clube] são todos adolescentes. Não faça o que é impossível. [Muri shinai de kudasai.]" Foi o incentivo que faltava. Quem ele estava chamando de velho, afinal? Peguei o que restava do fôlego e treinei até rachar a sola do pé. Literalmente. No outro dia de manhã eu já estava mais conformado com a idéia de ser chamado de velho. Mas aí, surpresa: o resto do pessoal também estava moído e eu estava até melhor do que alguns deles. Treinei tranquilo e aguentei o treino todo. O problema é que o meu orientador mandou um e-mail pro celular (celular no Japão recebe e-mail) dizendo que queria me ver o mais rápido possível. Não fiz o treino da noite e voltei pra Tsukuba um dia antes do previsto, mas de qualquer forma foi muito legal participar do gasshuku. Teve até professor convidado e tudo.

O pessoal todo, incluindo Ono sensei e Inoue sensei (convidado) que chegaram no dia 12 de manhã.

2006-02-04

News from Japan #03

Bem, esse post completa a série de "mensagens informativas" que não chegou a ser uma série muito grande. Na verdade, foram só duas mensagens essa terceira eu nunca cheguei a enviar (ok, shame on me) e acho que nem terminei de escrever a mensagem toda. Fazer o que? Já foi, agora vou tentar manter o blog mais atualizado.

Se o texto abaixo parecer que não terminou, é porque não terminou mesmo. Se alguma coisa estiver desconexa, leia os posts abaixo. Se parecer desconexo mesmo depois de ter lido os posts abaixo, pergunte. Se não entender a resposta, pode ser que eu não saiba responder. Aí, é melhor esquecer e deixar pra lá.


News from Japan #03

Olá a todos,

Mais um mês se passou. Na verdade, o informativo deste mês esta atrasado. Hoje já é dia 12 e eu deveria ter escrito no dia 06. Bem, vou tentar não atrasar no próximo mês.

O Curso Intensivo de Língua Japonesa acabou no dia 30 de junho. Não tivemos formatura como nos outros anos. Ate o ano passado, o curso começava no primeiro trimestre, parava para as férias de verão e voltava no segundo trimestre. De modo que tinha duração de 6 meses. A parada para as férias de verão era muito boa, porque dava aos alunos que iriam fazer exame de admissão em agosto a chance de estudar em Julho e Agosto (que é o tempo das férias de verão). A partir deste ano (ninguém sabe me dizer por que) o curso de língua japonesa tem só um trimestre, e um complemento que é o "Curso de Verão". Ou seja, o tempo do curso foi reduzido pela metade. Além disso, há o problema de que o meu exame de admissão é em Agosto, e eu vou estar em Julho ainda estudando língua Japonesa.

Por causa disso meu orientador (Prof. Ida) indicou que eu não deveria fazer o curso de verão completo (i.e. manha e tarde). Segundo ele eu deveria fazer o curso de verão apenas pela manha, ou não fazer nada, para poder me dedicar mais aos estudos da minha área e aos seminários que nos temos toda semana. Ou seja, eu tenho que me dedicar mais a preparação para o exame. Como não vou poder fazer o curso todo o professor Kinugawa, disse que não conseguiria mais acompanhar a Classe D. Logo, fui transferido para a Classe B e não vou terminar de ver o Volume 3. Vou ficar fazendo revisão da 2a parte do Volume 2.

2006-02-01

News from Japan #02

Este post é uma cópia da segunda mensagem que enviei para os parentes e amigos no Brasil. Enviei essa mensagem quando estava no Japão a dois meses, ou seja, no início de Junho de 2005. Olhando agora, em retrospecto, acho que deveria ter escrito mais. Os primeiro dois meses pareceram tão intensos, parece que tanta coisa aconteceu, mas também parece que passou tão rápido.

O mais indicado é rolar a página para baixo e ler a mensagem #01 primeiro, eu acho. Mas talvez não, ha sei lá. Se alguém estiver lendo já ta bom. Até.


News from Japan #02

Olá pessoal.

Ontem fez dois meses que eu cheguei aqui. Vou tentar manter a taxa de transmissão em pelo menos uma mensagem por mês. Sei que o ideal seria mais.

Na verdade não mudou muita coisa desde a última mensagem que escrevi. Continuo com as aulas de Nihongo (lingua japonesa) todos os dias de 08:40h as 15:00; tenho seminários no meu laboratório (kenkyushitsu) toda quinta-feira de 16:30 ate as 18:00; continuo vendo 2 lições de kanji (20 a 25 kanjis) toda semana; e continuo falando feito um retardado: “Hann... watashi... wa... kono TENISU... wo... kaitai... desu.” -- quase 30s para montar uma frase de 7 palavras, seguido de um ar de “que e que esse sujeito falou?” na cara do vendedor. Para melhorar ainda mais a situação, fui informado que terei que fazer o exame do TOEFL novamente porque o meu espirou. Agendei o exame para 02/jul, em Tokyo. Não vai dar para estudar, vou fazer na cara e na coragem. Vamos ver o que e que vai dar.

Uma coisa muito interessante, que eu ainda não entendo direito, e que todos os alunos da minha sala são unânimes em dizer que ter que aprender 2000 a 3000 símbolos (kanjis) para poder ler e coisa de doido; MAS todos também são unânimes em dizer que Kanji é a parte do curso de que mais gostam e a que acham mais interessantes. Eu inclusive. É meio paradoxal, né? Entretanto, realmente é a parte que eu acho mais legal, dá para ficar horas praticando os kanjis. Alias, na quarta-feira da semana passada tivemos uma aula extra, de shodo (caligrafia), e foi muito divertido. Ficar “desenhando” os kanjis com o pincel (que se chama “fude” em japonês) e extremamente relaxante. É quase como meditar.

Finalmente o frio deu uma trégua. Se bem que depois que eu comprei outro suéter eu não estava achando muito ruim, não. Pelo menos dava para andar de bicicleta o dia inteiro sem suar muito. (Eu SEMPRE suo muito.) A última semana fez um tempo bem agradável, e em alguns dias teve ate sol. Os professores e sempais estão avisando que Junho é mês de chuva, e que costuma chover quase todos os dias. Em um lugar onde o principal meio de transporte é a bicicleta essa informação é um pouco preocupante, mas já avisaram que tem capas de chuva nas lojas de¥100 ; e eu estou treinando andar de bicicleta segurando o guarda-chuva. Enquanto eu estiver sozinho a bicicleta me atende muito bem; depois acho melhor comprar um carro.

Ontem tivemos prova de gramática sobre a primeira metade do Volume 2 (lições 9 a 12), e o “Check Time” da lição 12. Hoje tivemos os testes de “listening” e escrita. Esta semana não estava muito bem por isso o resultado dos testes não deve ser muito bom. Na verdade o resultado do “Check Time” e da prova de gramática já saiu. No “Check Time” a minha média costumava ser “A”, no de ontem foi “B-” (pra ficar reprovado precisa tirar “D”). Nos dois testes de gramática do Volume 1, a minha média foi 90%; no teste de ontem caiu para 81%. Para quem esta achando que e bom, quero lembrar que estou na “Kurasu D” (Class D). A minha nota foi a PIOR! O penúltimo “colocado” acertou 92% do teste. Ou seja, eu sou o mané que senta no fundo da sala e nunca entende o que o professor fala (nesse caso, literalmente). Só não me sinto pior porque quando converso com o pessoal das turmas A e B, no intervalo das aulas, vejo que tem gente pior do que eu (que consolo hein...).

Amanhã teremos uma visita ao centro histórico de Tokyo. Vou tentar tirar o máximo de fotos possível e depois atualizo o álbum. Sairemos as 07:30h de Tsukuba e passaremos o dia todo em Tokyo. Devemos estar de volta as 17:45h. Todos os alunos do curso intensivo irão, juntamente com os professores encarregados de cada uma das 3 turmas. Promete ser um passeio bem interessante.

No mais, consegui perder uns quilos (deve ser a bicicleta); estou um pouco mais enturmado com os sempais, o que e bom porque eles são gente muito boa; agora que minha unha nasceu de novo vou tentar, mais uma vez, treinar Aikido (duas ou três vezes por semana; não vai dar para ir todo dia); tem muito latino aqui, de modo que além de japonês estou aprendendo algumas palavras de espanhol também (a propósito, NUNCA diga a uma moça de origem latina algo como “Desculpe por PISAR em você.” ela não vai gostar!); descobri que fazer ovo assado funciona; descobri que em São Paulo e no Sul eles colocam vinho no quentão.

Espero que tenha dado para perceber pelo tom da mensagem que o desespero inicial passou. Acho que, entre outras coisas, porque já consigo me comunicar (precariamente) com as pessoas e resolver as atividades básicas do dia-a-dia com alguma autonomia. No domingo já consegui ate pedir informações de como chegar numa lanchonete. E mais importante ainda: Eu entendi a resposta! Tudo bem que o cara foi gente boa e falou devagar, mas EU ENTENDI! Outro ponto importante e que o povo japonês e muito educado e atencioso. Até agora, mesmo sem saber me comunicar direito, nunca fui tratado de modo rude. Isso tem ajudado bastante.

Bem, por hora e só pessoal.

Abraços,

Jefferson.

News from Japan #01

Logo que cheguei ao Japão pretendia escrever pelo menos um e-mail por mês para os parentes e amigos que ficaram no Brasil. Cheguei a escrever algumas mensagens (três se não me engano) mas acabei parando no meio do caminho. Espero que consiga manter o blog mais atualizado do que as mensagens.

Abaixo tem a cópia da primeira mensagem, "New from Japan #01", e pretendo colocar as outras duas também, só que como os posts são ordenados por dada as mensagens vão aparecer em ordem decrescente.


News from Japan #01

Olá a todos. Desculpem pela demora em escrever. As coisas aqui andam muito corridas mas isso não é desculpa. O fato é que eu fui deixando para escrever depois e acabei ficando quase um mês sem escrever. Vou tentar colocar as noticias em dia. Como vocês devem imaginar, em um mês aconteceu muita coisa, por isso preparem-se para uma mensagem longa.

Para começar, como devem ter percebido ao receber esta mensagem, eu estou vivo. Sempre é bom confirmar, para não deixar duvidas.

Eu embarquei no dia 04 de abril e cheguei ao aeroporto de Narita no dia 06 de abril as 14:30h, horário local, ou seja, hoje faz um mês. Ao mesmo tempo que parece que já se passaram meses, também parece que foi ontem. A imagem da Karin com as crianças e a Saori do outro lado do vidro enquanto eu estava na sala de embarque em Vitória não me sai da cabeça. Passei a noite antes da viagem praticamente em claro pensando que não veria minha família por vários meses e a despedida foi um momento muito forte e emocionante para mim. Estive a ponto de voltar e mandar a bolsa de estudos as favas. Chorei bastante na viagem ate São Paulo. (Quem disser que homem não chora, provavelmente não sabe o que é se separar dos entes queridos por tanto tempo, ou ir para tão longe.)

A viagem em si foi relativamente tranqüila, exceto pelo fato de que a Air Canada fez uma confusão danada com a bagagem de alguns dos bolsistas. Tinha muitos bolsistas indo no mesmo vôo. Eram bolsistas do consulado do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Curitiba, de Porto Alegre, de Manaus e de Belém. Tiramos uma foto com todo mundo no aeroporto de Vancouver, no Canadá. O pessoal que tinha visto americano foi direto de Japan Air Lines (JAL) de São Paulo ate Narita, mas o restante foi pela Air Canada de São Paulo ate Toronto e de Toronto a Vancouver. De Vancouver pegamos um vôo da JAL ate Narita. Em algum momento a Air Canada perdeu a bagagem de uns 8 bolsistas. Mas o problema foi resolvido quando chegamos a Narita. O pessoal teve que esperar um pouco mas as bagagens chegaram. Ao todo a viagem durou umas 33h. Considerando o tempo que eu fiquei esperando em Guarulhos e o tempo da viagem de Vitória a Guarulhos foram 44h de viagem. Destas eu dormi, por alto, umas 5h.

Ao chegar a Narita havia pessoas da JASSO nos esperando para dar as orientações básicas, a verba inicial (20% do valor da bolsa) e nos despachar para os respectivos destinos. Quem iria ficar em Tokyo ou nas vizinhanças já foi despachado logo. Os demais iriam passar a noite em um hotel anexo ao aeroporto e pegar outros vôos no dia seguintes. Como Tsukuba fica a 50 Km de Narita, fui despachado de cara. O único comentário sobre a recepção da JASSO é que o pessoal não falava inglês. O que causou um certo ruído na comunicação.

Quando cheguei ao Internetional Student Center da Universidade de Tsukuba bateu o desespero. Ninguém falava inglês e eu não entendia nada de japonês. Ok, eu fiz 4 meses de aulas particulares de japonês, mas parecia que eu não tinha visto nem o “watashi wa Jefferson Andrade desu” (Eu sou Jefferson Andrade). A única palavra que eu entendi foi “daijoubu?” (algo como “tudo bem?”). Minha vontade foi responder que “não dava jogo coisa nenhuma”, mas como eu so consegui balbuciar “hai”(sim) foi essa resposta mesmo. Achando que estava tudo bem comigo a funcionaria do ISC mostrou ao motorista do táxi como chegar ao prédio onde ficava o meu quarto (mais sobre o quarto depois). Chegando ao prédio o motorista, mais que depressa, descarregou as minhas malas e se mandou. E eu fiquei la com a funcionaria do ISC e um voluntário que estava me esperando para explicar (em japonês) como funcionava o alojamento. A essa altura eu já estava mais que desesperado eu já estava começando a me ver de fora do meu corpo, como se aquilo não estivesse acontecendo comigo. Nunca me senti tão completamente perdido em toda a minha vida.

Estavam a funcionaria do ISC e o voluntário falando entre si e comigo (em japonês, sempre) na maior descontração como se eu estivesse entendendo tudo – apesar da minha evidente cara de pânico – quando saiu do prédio um grupo de umas 7 pessoas. Se encaminharam na nossa direção e me cercaram. Décimos de segundo antes de eu começar a gritar ensandecido alguém falou: “Nos também somos alunos brasileiros.” Levou alguns segundos ate eu tomar consciência de que eu havia entendido a frase e o que ela significava. Eram quatro alunos veteranos (sempais) que ficaram sabendo da chegada dos novos alunos (korais) bolsistas brasileiros e vieram dar uma forca para a gente. Eles já haviam recepcionado os outros três brasileiros que vieram pelos EUA. Um dos sempais se encarregou se servir de interprete entre eu e o voluntário, que me entregou as chaves do quarto, as roupas de cama, mostrou a mobilia e o livreto de regulamentos (em inglês! Aleluia!).

Depois de deixar as minhas coisas no quarto, fui apresentado aos outros sempais e aos outros 3 korais: Ricardo Yassaka de São Paulo, Miwa Onaka de Florianópolis e Aline Rezende de Brasília. Todo mundo estava cansado e com fome, mas nada de descanso ainda. Saímos com os sempais que se encarregaram de conseguir bicicletas usadas para os recém chegados. Bicicleta é artigo de primeira necessidade por aqui. Todos os alunos andam de bicicleta o tempo todo.

Nos quatro recebemos bicicletas usadas de presente. É comum por aqui as pessoas jogarem as bicicletas fora quando ficam velhas. E quando o pessoal sabe que tem novos alunos chegando, normalmente eles guardam. Infelizmente a bicicleta que me coube era de uma bolsista brasileira que voltou ao Brasil no ano passado, e era um pouco pequena. Eu sempre terminava o dia com dor nos joelhos. Por fim acabei resolvendo que era melhor comprar um bicicleta do meu tamanho. Depois de buscarmos as bicicletas saímos para comer com os sempais em um restaurante de comida italiana (nada de sushi e sashimi no primeiro dia).

O dia seguinte foi para desfazer as malas, conhecer as redondezas e os caminhos da faculdade. Também foi legal para conhecer os outros korais. O Ricardo eh da area de biologia e fez mestrado da USP. Ele tambem vai tentar doutorado, assim como eu. A Miwa fez educação física no Brasil e vai tentar mestrado nessa área – mais especificamente sobre kendo. Ela é 4º dan e já foi vice-campeã mundial em 97. A propósito o Ricardo também pratica artes marciais, karate, e já foi 7º colocado no mundial (não lembro o ano). Só tem gente perigosa aqui. A Aline fez desenho industrial e trabalha na área de design. Vai tentar mestrado nesta área e o projeto de pesquisa é sobre design aplicado a museus. Conversamos bastante e estávamos andando os 4 sempre juntos nos primeiros dias. A propósito, a Miwa fala japonês bem pra caramba, de modo que quando ela esta junto a gente nunca se aperta. Não houve atividade oficial ate sexta-feira.

Na sexta-feira houve a recepção oficial da JASSO e do pessoal do centro de línguas do ISC. Nesta ocasião, felizmente, as pessoas falavam inglês. Recebemos as instruções iniciais, preenchemos um sem numero de formulários para as mais diversas finalidades, desde abertura de conta no banco, ate seguro de saúde. Para finalizar fizemos 3 provas de japonês. É isso mesmo. Prova, de cara. Mas não valia pontuação nenhuma, era só para avaliar o nível de cada um e decidir em que turma cada um iria se encaixar a partir da segunda-feira. Em principio haveria 4 turmas, A, B, C e D. Sendo a turma A para quem nunca viu um hiragana na vida e a turma D para quem já estava em nível intermediário ou avançado. Depois de avaliar o resultado dos testes, os professores do centro de línguas decidiram que não iria haver turma C, pois não havia alunos no nível correspondente. Deste modo havia a turma “A”, para quem não sabia absolutamente nada. A turma “B”, para quem já sabia hiragana, katakana (mais-ou-menos) e já tinha algum vocabulário básico. E havia a turma “D” para os alunos avançados. Na turma “D” há dois filipinos que estudaram japonês por 7 anos, um jamaicano que estudou por 3 anos e sabe (segundo ele mesmo) uns 500 kanjis, uma moça do Azerbaijão, que teve curso intensivo de japonês no Japão por 6 meses a uns 2 anos atrás e o Ricardo que é filho de japonês e estudou japonês por 3 anos. Agora, adivinha em qual turma os professores resolveram me colocar? Isso mesmo! Na turma “D”. Só para ter uma idéia da diferença de nível. A turma “A” acaba de começar a lição 3; a turma “B” acaba de começar a lição 4; e a turma “D” termina a lição 6 na próxima aula! Em três semanas de aulas eu já tenho (aproximadamente) 50 verbos, 200 palavras, conjugações verbais, flexões de adjetivos e 55 kanjis (pelo menos 2 formas diferentes de ler cada um) para decorar. Para quem achou que estudar para o vestibular foi difícil, eu sugiro fazer um curso intensivo de japonês. Da uma outra perspectiva as coisas.

Para mim esta sendo traumático. Eu sempre fui o melhor ou um dos melhores alunos da turma, e não precisava me esforcar muito para isso. Na minha turma de japonês eu sou o pior! Sou o mané que esta sempre atrasado com os exercícios e que nunca entende o que a professora fala. Sou aquele cara que o professor diz assim: “Coitado, ele ate que se esforca, mas não consegue acompanhar o restante da turma.”

Fora o arrocho que esta sendo o curso de japonês, a saudade que sinto de casa também não esta dando trégua. Sinto falta de muitas coisas, mas principalmente da Karin e das crianças. É difícil explicar o que é abrir a porta de casa e não ter ninguém chamando “Papai, papai!”.

Mas, exceto pela parte emocional, ate que não tem sido difícil se adaptar a vida no Japão. Ou melhor, a vida em Tsukuba. A ressalva é importante porque Tsukuba é uma cidade atípica. Cerca de 1 em cada 4 centro de pesquisas do Japão fica nessa área. A concentração de estrangeiros e de japoneses que já moraram no exterior é muito alta. Quando se vai a um parque sempre se vêem muitos estrangeiros e famílias de estrangeiros. Sem contar que dentre os estrangeiros há muitos chineses, coreanos, descendentes de japoneses do Brasil e de outros países, de modo que os habitantes locais estão acostumados a ver gente com cara de japonês mas que não é, e que muitas vezes não fala o idioma. Isso tem sido bom para o Ricardo, por exemplo, e para outros bolsistas nikkeis que não são tratados pelos japoneses como japoneses (algo que o pessoal do consulado advertiu que poderia acontecer, de pendendo de para onde a pessoa fosse).

Mudando um pouco de assunto, o meu quarto não é tão pequeno quanto eu cheguei a temer que fosse. Claro que não sobra espaço, mas atualmente ele conta com uma cama, uma mesa de estudos, um guarda roupas de 2 portas e 4 gavetas, uma estante de aço para livros, um armário pequeno para sapatos e uma geladeira. Eu coloquei quatro pequenos tocos de madeira sob os pés da cama para poder guardar as minhas malas e também uma caixa plástica que serve, mais ou menos, como um armário. Tem banheiro no quarto, e o tamanho é razoável. Já vi apartamentos no Brasil com banheiros do mesmo tamanho. O alojamento onde estou (prédio 35) tem uma cozinha comunitária por andar, com quatro pias e quatro fogareiros de 2 bocas que podemos usar para cozinhar, e também tem uma lavanderia com duas maquinas de lavar e duas secadoras (e uma terceira maquina que faz as duas coisas mas que eu não sei usar).

Depois que eu limpei o quarto, coloquei cortinas, comprei a geladeira, a panela de fazer arroz, o forninho elétrico e um tapete esta ate ficando com uma cara agradável. Agora só falta pendurar uns quadros na parede. Ah, também comprei um computador que funciona como televisão. Não que eu já entenda o que os caras falam, mas os alunos antigos recomendaram assistir uma hora de televisão por dia, para ir acostumando o ouvido.

Na verdade ainda tem muito mais coisas para contar, mas acho que para uma mensagem já é suficiente. Vou tentar escrever com mais freqüência de agora em diante. E vou tentar montar um álbum de fotos on-line. Assim que o álbum estiver montado eu aviso.

Abraços a todos,

Jefferson.

P.S. Ainda não sei como configurar o teclado japonês para colocar acentos. Por isso, desculpem a falta dos acentos no texto acima.

P.P.S. O álbum de fotos já está criado. O endereço para acessa-lo é http://br.photos.yahoo.com/jeffersonandrade.

2006-01-14

Primeiro dia no Japão.

O primeiro dia no Japão não foi tão estranho quanto eu pensei que seria. Isso foi, em grande parte, graças à ajuda dos sempais. Eles estiveram sempre com a gente e ajudaram na "aclimatação", digamos assim. Acordei cedo, mas nem tanto, e bem disposto. Não tive problemas de fuso horário nem no primeiro dia nem depois. Evidentemente o quarto estava uma bagunça só. Gostaria de dizer que depois do primeiro dia o quarto ficou mais bem arrumado, mas não foi bem assim.

Quarto do dormitório Ichinoya na primeira noite no Japão, já com algumas coisas compradas na loja de 100¥.

Depois de me colocar apresentável me encontrei com os outros três monbusheiros para irmos até o International Student Center, receber as primeiras orientações. Também aproveitamos pra tirar a primeira "foto oficial" do grupo de monbusheiros de Abril de 2005.

Monbusheiros de Abril de 2005. Da esq. pra dir.: Aline, Miwa, Jefferson, Ricardo. Eu estava com uns 95Kg nessa época.

Como dá para ver pela foto, eu não estava exatamente na minha melhor forma nessa época. Mas ainda estava melhor do que no ano anterior. Em Outubro de 2004 eu cheguei a pesar 105Kg. Foi quando conecei a dieta. Daquela época para cá já perdi 20Kg. Ainda estão sobrando uns 7 a 8Kg para chegar ao peso que eu tinha na época da graduação. Mas, voltando ao assunto...

Acho que já está na hora de tirar outra foto.

A noite fomos para o tradicional jantar de boas-vindas que o pessoal de Tsukuba sempre oferece aos novos brasileiros que chegam. Foi uma oportunidade muito boa de conhecer os outros bolsistas. Vários bolsistas estavam lá, inclusive o pessoal que não é monbusheiro. Tem gente da JAICA, JSPS, etc. O jantar foi no Takarajima, que também é meio tradicional pra essas comemorações. Foi muito divertido. Tudo bem que eu quase fui agredido fisicamente por causa de uma discussão sobre religião -- mas tudo bem, eu deveria saber (na verdade eu sei, mas nem sempre lembro) que a maioria das pessoas n?o consegue discutir esse assunto de modo imparcial, afastado; sempre há envolvimento emocional. A menina que quase me bateu deve ter quase (<) 1,5m de altura, o que, segundo o pessoal me disse depois, conferiu um certo ar cômico ao episódio.

Foto do pessoal que foi ao jantar de boas vindas. Além dos monbusheiros 2005-04, também estavam dando as boas vindas ao pessoal do programa do banco mundial.

Tive a impressão nesse dia, e ainda tenho de vez em quando, que não estava no Japão. Acho que a maioria das pessoas em Tsukuba se sente assim. Já ouvi isso até de japoneses. Tsukuba tem muitos estrangeiros e é uma cidade projetada, o que faz da arquitetura daqui muito bonita, mas também muito ocidental.

2006-01-12

Nihon he ikimashou!

A partida de Vitória não foi a coisa mais divertida do mundo. As crianças (Anyssa, Tatsu e Samiya) não estavam entendendo direito que eu estava indo para ficar MUITO tempo fora. Acho que foi até melhor, afinal eles não choraram. Teria sido muita barra ver eles chorando do outro lado do vidro da sala de embarque. A Karin, em compensação, sabia que eu estava indo pra ficar for, pelo menos, um ano. E não foi fácil me despedir dela. Nem dei pra tirar fotos.

Peguei o vôo de Vitória direto para São Paulo, e fiquei o dia todo esperando o vôo da Canada Air Lines. Foi um dia que demorou muito pra passar. O tempo não corria, se arrastava. Deu pra trocar dinheiro, almoçar, navegar na internet em um ciber-café, etc. Só na hora do embarque é que me encontrei com os outros bolsista que eu conhecia, o pessoal que veio pelo consulado do Rio de Janeiro.

A viajem foi tranquila, mas por alguma razão não consegui dormir quase nada. Não estava tenso. Bom, pelo menos acho que não. E normalmente durmo bem em viajens (e fora delas também). Fizemos duas escalas no Canadá: Toronto e Vancouver. Em Vancouver, trocamos de companhia aérea. Da Canada Air para a JAL.

Bolsistas que vieram pelo Canadá.

A chegada ao Japão foi tranquila -- ou melhor, foi tranquila pra mim. Vários bolsistas tiveram problemas com a bagagem. Mas, pelo que fiquei sabendo depois, tudo se resolveu. O pessoal da JASSO estave esperando a gente no aeroporto, como dizia o manual. Deram uma grana inicial pra gente ir se virando, como dizia o manual. E despacharam a gente pra universidade, como dizia o manual. Chegando na Universidade de Tsukuba, fui recepcionado por uma funcionária do escritório da JASSO no International Students Center, que não falava nem "How do you do?" em inglês. Isso o manual não dizia. O máximo que consegui entender é que ela iria me levar até o dormitório. (E assim mesno, mais pelo contexto da situação do que por comunicação verbal.)

Quando chegamos ao dormitório Ichinoya, havia um voluntário me esperando para me recepcionar. Consegui entender que o cara era "daigakusei" -- universitário. Fiquei mais tranquilo, achei que iria conseguir falar inglês, ainda que precário. P*##% nenhuma! Ele e a funcionária da JASSO começaram a falar em Japonês como se eu nem estivesse alí. Acho que em certo sentido eu nem estava mesmo. Acho que foi uma das situações de desespero mais intensas que já esperimentei. Deve ter durado uns 3 a 5 minutos, mas pareceu uma eternidade. Depois disso apareceram os alunos brasileiros veteranos e os bolsistas novos que haviam chegado mais cedo (vieram pelos EUA). Até hoje eu tenho que ouvir o quanto a minha cara de desesperado estava engraçada. Bom, fazer o que né?

Os sempais (não são órfãos, é como se chamam os alunos mais antigos aqui no Japão) nos levaram pra jantar, apresentaram o supermercado mais próximo do dormitório e uma loja de 100 Yenes -- é o equivalente do R$ 1,99, só que vitaminado.

Nosso primeiro jantar no Japão. Da esquerda pra direita: Miwa, Aline, Robson, Adriana, Márcia e Ricardo. Eu estou tirando a foto.

Depois do jantar e do reconhecimento do terreno, todos recebemos bicicletas -- de segunda-mão, mas já foi de grande valia -- de presente. A minha era pequena pro meu tamanho e acabei passando-a para outra aluna brasileira e comprando uma bicicleta nova -- que mais tarde foi roubada.

E assim cheguei ao Japão.

Foto do profile.

A única razão desta foto estar aqui é que eu não consegui outra forma de colocar o link pra ela no meu profile. Mas fala sério: 33 anos mas com cara de 32, né?


Foto do profile. Posted by Picasa