2007-02-27

お久し振りですねぇー

[o-hisashiburi-desu-neh.../±Poxa, a quanto tempo...]



Amanhecendo no meu laboratório. Mas a lua ainda continua no céu.

Caramba, faz tanto tempo que eu não escrevo que não sei nem por onde começar. Voltei pra olhar o blog hoje e fiquei assustado quando vi que a última postagem foi em Maio de 2006!!! Putz, já faz 9 meses. Nem imaginava que fosse tanto tempo. É como se praticamente um ano tivesse passado em um instante.

Bom, se eu tentar fazer um super-hiper-mega-resumão do que foi esse quase um ano não vou conseguir terminar e vou acabar não postando nada, o que só vai aumentar o back-log e aí é que eu não vou mais postar nada nunca mesmo. Ao invés disso vou fazer o seguinte, vou colocar em linhas gerais o que aconteceu de maio do ano passado pra cá e depois vou adicionando posts "retroativos". Enquanto isso, vou tentar manter o blog vivo com postagens mais requentes. (Na verdade não deve ter uma freqüência bem definida, vai se alguma coisa mais aperiódica. O que eu quero dizer mesmo é que não vou ficar tanto tempo assim sem postar. Acho que dá pra entender, né?)

Então tá... Foi o seguinte. Em junho e julho de 2006 as coisas correram sem grandes surpresas. Em Agosto eu viajei pro Brasil para rever o pessoal e trazer a família pro Japão. As coisas foram mais corridas do que eu esperava, até porque houve problemas com as passagens deles e eu tive que ir ao Rio umas 3 vezes para poder resolver. Também ficou muito corrido arrumar tudo para a vinda deles pra cá (tipo vender o carro, tirar tudo do apartamento, alugar o apartamento, vender [trocar] a casinha de praia, etc.). Se não fosse pela ajuda da família no Brasil, as coisas não teriam fechado. Chegamos no Japão dia 28 de Agosto. O primeiro mês foi um pouco tenso porque as crianças ainda não tinham entrado na creche (保育園/hoikuen) e a Karin ainda estava procurando emprego. De outubro em diante as coisas ficaram mais estáveis. A Karin conseguiu emprego em uma empresa de desenvolvimento de software em Tokyo (Shinjuku) e as crianças entraram no hoikuen. O único ponto complicado aí foi que a Karin tinha que sair de casa as 07:00h e só voltava por volta de 22:00h ou 22:30h. Levava quase 3h para ir de Tsukuba até a empresa. No começo foi cansativo pra ela, mas depois ela estava até acostumada. Eu é que não estava conseguindo dar conta de tudo. Eu tinha que aprontar as crianças para a escola, buscar as crianças da escola, arrumar (um pouco) a casa, preparar o jantar, etc. Enfim, o que qualquer dona-de-casa e/ou mãe faz normalmente. Só que essas mulheres são heroínas, porque eu não consegui fazer tudo isso e ainda continuar a minha pesquisa numa boa. Normalmente eu fico no laboratório de 8 a 10 horas por dia. Tendo que cuidar das crianças eu dificilmente conseguia ficar mais do que 5 ou 6 horas. Eu e a Karin começamos a ficar com medo de que eu não fosse conseguir terminar o doutorado no prazo, e isso seria terrível pra mim, pois a minha licença no CEFET-ES termina em 2009 e eu tenho que voltar. Não há possibilidade de prorrogação. Por isso nós conversamos várias vezes e depois de uns 2 meses buscando soluções nós achamos que o mais seguro seria eles voltarem pro Brasil.


Karin e as crianças no Aeroporto Internacional de Nagoya. Vontade de ir junto...

Nós procuramos e achamos emprego para a Karin aqui em Tsukuba, em uma empresa que desenvolve sistemas de "software científico", mas a jornada de trabalho seria a mesma que na outra empresa. E achamos também alguns outros empregos, mas todos na área de Tokyo. Ou seja, tudo continuaria no mesmo. A única saída seria mudar para perto de Tokyo, mas aí eu teria que sair do laboratório mais cedo para poder buscar as crianças na escola e também não mudaria em nada a situação. Outras em outras alternativas por algum tempo antes de tomar a decisão final. Outro fator que pesou na decisão foi que a Karin tinha a chance de se inscrever no programa de doutorado lá no Brasil, com uma bolsa para se dedicar integralmente. E lá é muito mais fácil conseguir uma babá para ficar com as crianças enquanto a Karin estiver na universidade. (Aqui eu teria que pagar à babá um valor quase igual ao da minha bolsa de estudos.)

É difícil explicar como isso doeu e dói em mim. Primeiro porque depois de ter ficado cuidando das crianças em "tempo integral" eu me senti muito mais perto deles e muito mais ligado a eles do que eu achei que podia. Agora eu sei que uma mãe que fica com os filhos o tempo todo realmente está muito mais ligada a eles do que o pai que trabalha fora e só vê os filhos de manhã e à noite. Não é que o pai não goste, mas a ligação não é nem de longe a mesma. E agora eles foram embora e eu estou morrendo de saudades. E em segundo lugar, porque eu estou com uma sensação horrível de derrota, de que eles foram embora porque eu não fui bom o suficiente para fazer tudo o que eu precisava. Isso machucou um pouco a minha auto-estima. Eu sempre me achei bom no que eu fazia e agora a vida me jogou na cara que eu não sou tão bom assim. Dói pra kct.

Bom, depois que nós decidimos, fomos correr atrás de passagens e eles voltaram ao Brasil no final de Janeiro. Antes de eles voltarem nós fomos passear em alguns lugares. O mais legal foi um parque aquático chamado Sea Paradise que fica em Yokohama, e tem um aquário enorme. Eu nunca tinha visto um tubarão à menos de 1 metro de mim. (E nem pretendo ver de novo, à menos que entre eu e ele haja uma separação vidro de 30cm, como havia lá.) Vimos o show dos mamíferos marinhos (golfinhos, orcas, focas, etc.), e andamos em alguns brinquedos. Foi cansativo, mas muito divertido.

No Ano Novo o Hebert veio passar uns dias com a gente e as crianças puderam conhecer o tio Hebert (a Anyssa já conheceu quando bebê, mas acho que não se lembrava). E na noite de Ano Novo fomos a Yokohama e passamos a virada de ano no Hard Rock Café. Foi muito legal.

A Karin trabalhou praticamente até o último dia antes da viagem e as crianças continuaram indo à escola até dois dias antes. No dia da viagem deles o Hebert veio para nos levar até Nagoya (o vôo saía de lá). Houve um problema com a documentação das crianças e eu mal pude me despedir deles, foi tudo muito corrido no aeroporto. Eu fiquei triste quando vim ao Japão da primeira vez, mas não foi nem perto do quanto eu fiquei mal ao ver eles indo embora. Aquele dia não vai sair da minha memória tão cedo. E não é uma boa memória.

Na semana seguinte eu me mudei e apartamento. Não preciso de uma apartamento de 3 quartos pra ficar sozinho. Me mudei para um kitnet que é ¼ do tamanho do anterior, mas está bom. Não tem que muita coisa pra ficar arrumando, não tem um monte de coisas pra ficar me lembrando das crianças o tempo todo e o aluguel é um pouco menos da metade do que eu pagava (o que é bom, visto que o governo do Japão vai reduzir o valor da bolsa). O Hebert deu a maior ajuda; ele saiu quase 100Km do caminho dele só pra vir me ajudar com a mudança. A foto ao lado é do apartamento logo após a mudança. Todo estava nas caixas e continuou assim por quase um mês. Só agora, com um pouco mais de tempo pra respirar, é que eu comecei a arrumar as coisas. Mas quem me conhece sabe que organizar as coisas de casa pra mim é muito mais difícil que provar qualquer teorema. Por isso não tenham esperanças (eu não tenho) de que o apt vá ficar arrumado tão cedo. Além disso ainda não tenho mobilia (leia-se "cama") o que dificulta a arrumação.

Aí começou a parte de "perder os cabelos". Como eu escrevi, eu não estava me dedicando tão intensamente como eu gostaria para a minha pesquisa, e por isso um projeto que eu fui selecionado para fazer foi ficando de lado. No final de Janeiro, pouco depois da Karin e as crianças viajarem eu recebi uma mensagem dizendo que a data de entrega do relatório final do projeto seria dia 08/Fev. Eu esperava que essa data fosse 28/Fev!!! Quando eu me inscrevi para o projeto havia um item que dizia claramente que o prazo final para a entrega era dia 28/Fev. Não sei até hoje porque diabos foi fixada o dia 08/Fev para a entrega do relatório. O fato é que não adianta espernear. Marcaram a data e pronto! Ph*das-C se você gosta ou não. E aí lá fui eu trabalhar 16h à 18h por dia para poder provar as porcarias dos teoremas que faltavam e escrever o programa para implementar as transformação de termos que os teoremas previam. A certa altura eu julguei que não daria tempo de escrever o código E o relatório e abandonei o código. Entreguei só o relatório com os resultados teóricos e apostei que quando implementasse o código eu conseguiria os resultados previstos.

Consegui entregar o relatório um dia antes do prazo final. Ganhei 11 dias para terminar a implementação do sistema e preparar alguns exemplos e slides para a apresentação do sistema. Bom, entre mortos e feridos, salvaram-se todos. (Exceto alguns dos teoremas que, eu descobri depois, tiveram um tratamento "menos formal" do que mereciam.) A apresentação do sistema foi feita dia 19 de Fevereiro e os relatórios de todos os projetos foram publicados na forma de um relatório técnico da Graduate School of Systems and Information Engineering.


Meu orientador (Kameyama-sensei) e o outro membro da "equipe" de pesquisa, Yonezawa-kun, aluno de mestrado.

Isso foi semana passada. Depois disso tive uma reunião com meu orientador que lei o relatório todo e disse que está bom "for a student's work", mas que precisa ser muito melhorado se eu quiser seguir com essa linha de pesquisa para o trabalho final do doutorado. E tome balde de água fria na cabeça.

Acho que uma última novidade é que eu voltei a fazer 合気道 (Aikido) e vamos ter um 春の合宿 ("acampamento" para treino de primavera) é uma viagem em que a gente fica em treino intensivo, umas 6h à 8h por dia. Eu fui no do ano passado e fiquei bastante cansado, mas voltei do treino sentindo que a minha técnica tinha melhorado bastante. E eu estou precisando. Ficar 8 meses sem treinar me deixou bastante enferrujado.

Fico por aqui, por enquanto. Abraços a todos.